sexta-feira, 23 de maio de 2014

MISSIONÁRIO EDUARDO FLORES 51 8508 1433



MEU TESTEMUNHO


MEU TESTEMUNHO!!
Boca ressecada Coração acelerado Reflexo no espelho
Homem desesperado Mais um drogado a noite inteira alucinado
Maltrapilho, abandonado, vivendo isolado Se é que podia chamar isso de viver
Vegetava sem ver minha filha crescer O amanhecer do dia me incomodava
Todo sujo nem me arrumava Eu não me preocupava comigo
A maior parte do meu tempo vivia escondido Porradão de dez, de cinco, de três
De dia trabalhava, a noite só mais um freguês Dinheiro evaporava, débito no banco
A maior parte do salário virava pó branco Constantemente minha patroa reclamava
Que eu cheirava todo dia e a tempo não a amava Se esforçava, queria me ajudar
Me jurava de abandono se eu não conseguisse mudar e voltar a ser um chefe de família
Dar atenção para minha mulher e carinho a minha filha
A mesma que eu humilhei no dia que cheguei Pancado eu peguei seu quadro e quebrei
Ou da vez que eu alarmei a favela Acho que sujei o nome dela
Dei mole me tornei um cara infeliz Meu raciocínio toda via, via meu nariz
Não pensei em quem estava ao meu redorTransformei meus familiares em reféns do pó
Viciado, comecei ainda de menor Junto com os amigos e fiquei simplesmente só
Me entorpecia e me sentia mais potente Depois sem potência em decadência virei dependente
Foi a vida bandida espero te encontrar em outro lugar Minha sogra levou meu nome pra igreja
Eu ficava no bar com conhaque e com cerveja Tive a chance de uma vida normal
Com os amigos penetrei no caminho do mau Desespero na cara, fila cheia
O sangue envenenado corria em minha veia Quanto mais eu tinha, mais eu queria
Minha mulher não, não merecia alias ninguém merece Um cara como eu foi que do mundo se esquece
E entristece quem quer ver seu bem Quando eu me transformava, não pensava em ninguém
Assim seguia, insistia a semana interira Minha moral foi reduzida a poeira
Geladeira, bicicleta, televisão Tudo pro nariz acompanhado de uma depressão
De que forma ser homem de verdade Deixando meus parentes passarem por necessidades
Sem vaidade, grilado na mesa de bar Cercado de mocinha querendo tecar
Sem pagar, ta ligado, isso compromete Fazendo sem vontade pra manter a minha pose de mau
Na real, cada dia mas sem graça Foi numa dessas que levei gonorréia pra casa
Minha mulher gritava, como gritava Eu me controlava, não tinha nem palavras
Derrota, onde meu rio deságua Raiva passa, fica só a magoa
A vida corre e a ferida continuava aberta Acordado a noite inteira com a mente sempre alerta
Endividado até o pescoço, vagando, só no osso Perdi minha fama de bom moço
Família foi embora, depois do meu juízo Só não perdia meu vicio, que sacrifício
Que sacrilégio, sem privilégio, tem parar Bastava um copo de cerveja "preu" voltar
E me entregar que nem brinquedo na mão do palhaço Por causa disso eu já vi gente levar um balasso
No meio lata, que violento Minha pipa ta sem vento, sofrendo ao relento, morrendo
Se eu perdesse meu emprego ia ficar pior Perdia a hora todo dia por causa do pó
Prometi varias vezes que ia parar Mas tinha alguma coisa mas forte que vinha me buscar
Me sufocava, me ensurdecia Me cegava, me acabava, me enlouquecia
Envelhecido no quarto escuro sem futuro Minha cadeia era sem muro
Meu rosto traz a marca da noite mal dormida Junto com as marcas das porradas que levei da vida
Processo de descida, passagem só de ida Sem força pra montar a base que foi destruída
Sem valor, sem carinho e sem amor Ser mais fraco que o vicio me fazia sentir mais dor
Não vejo rosto, não reconheço ninguém Na multidão ouço uma voz dizendo amém
Era uma senhora de saia cumprida Dizendo que o onipotente tinha planos pra minha vida
Me apontando, foi se aproximando, gelei ! Levou a mão até a minha testa, ajoelhei !
Falou que a solução dos meus problemas era Jesus A partir desse momento eu comecei enxergar uma luzTive esperança, fiquei otimista De ser um homem livre e virar artista
Terça, quarta e sexta culto na igreja Na primeira fila tava eu pedindo mais firmeza
Mais certeza, mais distância do abismo A luta era constante contra a força do meu organismo
Me tonteava, me deixava em alucinação Os irmãos dizendo que aquilo era parte da provação
O inimigo me queria novamente Escravizar minha matéria e dominar minha mente
Fui medicado, fui internado Conversando com as paredes, numa clinica de viciado
Amarrado, injeção todo dia Quem fugia apanhava e tomava banho de água fria
No dia a dia, lá se foi um mês sem cheirar Fui visitado por um grupo chamado N.A.
Narcóticos Anônimos, alugaram um ônibus Pra levar um grupo de pessoas como eu
Pra ver outros irmãos que eles ajudaram a vencer Me apeguei a Cristo e fiz por merecer
Aquilo me afastava do circulo vicioso Preenchendo cada vez mais o meu tempo ocioso
Entreguei meu coração ao poderoso No meu dia de batismo deixei meu pai morto orgulhoso
De cara limpa, protestante, consciente Podendo receber a alcunha de ex narcodependente
Eu que pensei que minha vida tava morta Agora eu sei que Deus escreve certo por linhas tortas
Ter de volta minha família ao meu lado A mutação da minha vida me deixou maravilhado !!!!

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